Transação de empresas intensifica-se


O mercado de compra e vendas de empresas em Portugal está mais ativo e profissionalizado. As taxas de juros baixas e a liquidez do mercado têm impulsionado a compra e venda de empresas. Muitos empreendedores são abordados para venderem o seu negócio ou para comprarem um negócio em venda. Muitos não tinham equacionado tal hipótese e decidem avançar nas negociações. 

Mantém-se a força do investidor operacional, o investidor que quer crescer através de aquisições, para aumentar o seu negócio, verticalizar ou diversificar. É um investidor mais preocupado com o potencial de longo prazo, as sinergias possíveis, comparando as vantagens de aquisição com o crescimento orgânico. Este investidor é menos sensível à equipa de gestão, a qual por vezes substitui.

Os investidores venture capital ou private equity, particularmente focados em crescimento e rentabilidade, têm vindo a ter um papel crescente na economia Portuguesa. Embora sem dados estatísticos há a perceção que estes investidores, tipicamente com ofertas de valores de aquisição menos interessantes que os investidores operacionais, se têm tornado competitivos. Requerem uma equipa de gestão que continue com o negócio. 

De forma crescente têm surgido também investidores que tipicamente não operavam diretamente na economia real. Denominam-se private equity, family office ou simples grupo de investidores. O tipo de empresas que procuram é variado, mas diria que é comum pretenderem empresas rentáveis, de sectores estáveis ou em crescimento e com alguma dimensão (não têm capacidade de gerir muitas empresas).

Se a sua empresa está num sector com potencialidade de crescimento ou de concentração, se é rentável e tem uma dimensão razoável, prepare-se que é natural que seja abordado por um potencial comprador. E preparar-se significa mais do que aguardar o contacto. Entre várias questões salientava três: atratividade do negócio, equipa de gestão e impostos. 

Melhorar a atratividade do negócio pode resultar num maior preço de venda. É natural que a equipa de gestão da empresa já tenha foco no aumento das vendas e margens e controlo de gastos gerais. Na medida do possível, dever-se-á capitalizar as oportunidades que existem para melhorar a rentabilidade do negócio. 

Apresentar uma equipa de gestão capaz para a sucessão pode melhorar substancialmente o valor da Empresa. Tal ajuda a demonstrar que o acionista não é crítico para o negócio (por muito que tenha sido relevante para o sucesso da empresa até à data) e reduz o risco de investimento do comprador. 
A transação acarreta encargos fiscais, que interessa analisar previamente e antecipar a melhor solução para as duas partes. A este respeito encontramos temas como a estrutura societária, a opção por venda de ações da empresa ou dos ativos, entre outros.

A decisão de venda é uma grande decisão para qualquer empreendedor. E a decisão de compra também. Se está vendedor, entenda que a venda da empresa é a recompensa final pelo risco e pelo esforço colocado no negócio ao longo de muitos anos. Se está comprador, entenda que quase sempre os objetivos do vendedor incluem naturalmente maximizar o preço de venda, mas também encontrar o rumo certo para os funcionários e clientes.

Dada a profissionalização crescente destes processos de transação, é importante que comprador e vendedor estejam munidos de apoio profissional do mesmo nível. Uma boa gestão de todo o processo é determinante para que os objetivos das duas partes sejam atingidos e a transação se realize. 

 

Este artigo de opinião foi originalmente publicado no Jornal de Leiria, no passado dia 16 de dezembro de 2021.

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